P – Estela Fuzii

Sou de Londrina, Paraná, e dou apoio aos decasséguis da região. Tem sido perguntado o seguinte: Por que a remessa do Japão é feita em determinados dias da semana para chegar ao Brasil na sexta-feira, e somente pode ser operada pelo parento do decasségui na segunda-feira?

Uma pessoa me contou que o telefonema avisando da chegada da remessa sempre é feito na sexta-feira, depois que o banco já encerrou o expediente e, portanto, o destinatário só pode operar na segunda-feira. Este é um fato comum, muitas pessoas já me contaram sobre isso. e eles me perguntam por que ocorre isso.

Outro tema é sobre o espaço especial para decasséguis do Banco do Brasil de Londrina que fica num lugar meio retirado, menos perigoso, e ali o atendimento é personalizado, para todo e qualquer tipo de operação, tanto para o decasségui quanto para seus parentes durante o horário de funcionamento do banco. No Japão também tem esse tipo de atendimeno personalizado?

R – Roberto de Camillo

O sistema funciona da seguinte forma: 2/3 das remessas são feitas com cartão remessa, ao qual me referi, que é o mais popular hoje. Então, o cliente vai a uma agência dos correios com aquele cartão e faz uma remessa.

Às três horas da tarde o correio comunica ao banco o valor depositado em ienes. Vamos pegar, como exemplo, o Banco do Brasil: Entrou na conta, até as três horas da tarde, 1 bilhão de ienes, e o Banco do Brasil transforma esse total em dólar. Depois das trê shoras da tarde ele não pode mais fazer essa operação, porque a taxa de câmbio já está fechada.

A partir desse dinheiro transformado em dólar, os bancos passam a rodar suas máquinas, a noite toda, para que as diversas remessas cheguem ao Brasil. De manhã, estão aqui as diversas remessas.

Durante esse processo pode ocorrer o seguinte: Se ele chegar ao correio às 3:05h, o dinheiro só será despachado no dia seguinte, ele fica parado no correio e nem é feito o câmbio lá. Pode ocorrer algum problema no processamento do banco japonês. São muito raros, mas nós tínhamos os relatórios de exceção. Num dia, o banco manda lá 15.000 remessas, tem meia dúzia com exceção, que se resolve logo na manhã no dia seguinte. Esses casos eram muito poucos.

Depois, os problemas aqui no Brasil. Aqui, a remessa cai num sistema que vai fazer a transformação para reais, tudo é automático. Mas, só será transformado para reais se o cliente deu aquela autorização a que me referi, e aí começam os problemas de cadastro.

Às vezes, podem ser problemas na transferência daqui para a agência. Tem uma série de etapas em que isso pode correr. O sistema de transformação de dólr para reais é feito numa central dos bancos e depois distribuído para as diversas agências, rodando no período noturno. Na prática, isso já chegou a acontecer comigo. Muitaz vezes, na internet ou na máquina, o dinheiro não entrou, mas se eu telefone para o gerente, ele liga para o responsável e o dinheiro está lá e ele consegue trazer.

Muitas vezes, é deficiência do sistema, aqui mesmo no Brasil. Por exemplo: O câmbio do dólar para real é feito às 11 horas da manhã porque é nesse horário que o Banco Central dá a taxa. E quem faz o câmbio? É a central do Banco do Brasil. E de onde é a conta? A conta é na Liberdade. E como é que esse dinehiro vai da central até a Liberdade? Não vai, porque até as 11 horas da manhã o sistema não roda, só à noite. São coisas internas de banco.

Agora, eu diria que 80% das remessas, desde que sejam feitas até as 15 horas, num dia normal no Japão, ela fica disponível no dia seguinte. Aliás, a data é praticamente a mesma por conta do fuso horário. mas existem esses diversos problemas a que me referi. E isso acontece até comigo. Tenho uma conta no banco, por exemplo, na Avenida Paulista Eu sei que não é lá que é feito o câmbio, ligo para o gerente para reclemas que não veio a remessa, e ele dá dois ou três telefonemas e encontra o dinheiro. Em relação ao caso que a senhora está mencionando, acho que eles podem estar fazendo o acerto das contas manualmente.

Sobre o segunto item, lá a questão é inversa. A gente procura fazer um espaço, já que o decasségui acaba tomando a agência toda, e mais que a agência toda, e ficamos sem condições de adaptar o atendimento àquele volume grande de pessoas.

P – Sumio Kojima

Camilio-san privilegiou-me com longos anos de amizades no Japão, e aproveito a oportunidade para agradecer por tudo, por todos esses serviços que vocês nos pretavam lá no Japão.

Duas perguntas sobre os produtos e serviços, que potencialmente teriam muita demanda no Japão. Em primeiro lugar, o serviço FP – Financial Planning. O senhor mencionou sobre as restrições e sobre o comportamento de aplicação dos recursos entre os decasséguis, e imagino que isso seja uma das decorrências da inexistência de serviço de FP. Uma parte foi feita agora, através da série de dicas dadas pelo senhor. Isso, sistematizado e ampliado, seria exatamente o serfiço de FP, não é? Qual seria a perspectiva de oferecer esse serviço para a comunidade brasileiro residente no Japão?

A segunda pergunta é sobre a oferta de reayable banking para a comunidade local. Por exemplo, finciamento habitacional, caso se fosse mais custoso em termos de mão-de-obra. Acredito que haja demanda, pois muitos conhecidos de lá me perguntam sobre isso. Quais seriam as perspectivas?

R – Roberto de Camilo

A primeira parte, a de abrir carteiras específicas para clientes específicos. Os bancos estão criando, mas ainda de maneira bastante tímida, pelo fato de que essas poupanças são temporárias.

Eu acompanhava isso lá. Mesmo aqueles que têm bom volume de recurso no banco, de repente, eles vêm e scam, de repente, na hora que vêm embora ou que houve uma alteração no planejamento familiar ou de vida. Assim, os bancos trabalham com poupanças temporárias. É um rodízio muito grande de dinheiro. A vida útil de uma conta no Japão vai de três a quatro anos, depois essa conta começa a minguar, até zerar e ser encerrada. Isso também responde a sua segunda pergunta.

Com relação à primeira pergunta, lá, o Banco do brasil tem o private, que tem alguns pápéis com um pouco mais de renda, carteiras um pouco diferenciadas, mas também de forma tímida, porque exige um acompanhamento mais sofisticado, um custo maior do banco, pois ele tem de mantr funcionários mais preparados para um câmbio internacional, oportunidades internacionais ou em outras moedas ou em outros papéis.

Então, é bem tímido, mas nós sabemos que existem clientes sofisticados, que usam outras agências do banco para esse serviço. Por exemplo, no caso do Banco do Brasil, eu me lembro da corretora de valores do banco em Londres, que acessa direto a BBC para fazer aplicações mais sofisticadas. O banco tem outro produtos, mas eles não estão, vamos dizer, 100% disponíveis no Japão, porque infelizmente a clientela no Japão é temporária.

Com relação ao financiamento imobiliário, o financiamento de longo prazo não é característica de uma agência de uma banco estrangeiro como o nosso, pequenino num país tão grande como o Japão, isto porque os nossos custos, o custos dos bancos brasileiros, de qualquer um deles, é muito maior do que o do banco japonês. Estes têm acesso às linhas de créditos especiais dos bancos japoneses que nós não conseguimos.

De maneira que seria muito difícil para um banco brasileiro, ainda que atendendo ao cliente brasileiro, oferecer aí um crédito de longo prazo a taxas competitivas e em condiçoes de garantias mais competitivas do que um banco local. Aliás, isso também vale para cá. Vamos pegar um banco de uma, duas agências aqui, seria muito difícil competir com a Caixa Econômica em taxa de crédito imobiliário. São as contingências do mercado. Portanto, creio ser muito difícil os bancos estrangeiros no Japão chegarem a esse nível de operações.