Abertura de conta de poupança

Sobre a abertura de conta de poupança no Japão, somente três instituições estão operando com agência no Japão e permitem esse tipo de serviço: Banco do Brasil, Banespa e Itaú. O interessado deve possuir o documento de identidade de estrangeiro no Japão, que é o gaijin toroku, e uma provo de enderenço de residência no Japão, documentação esta exigida por todos os bancos.

Essa prova de endereço é muito importante e exigida por todos os bancos por força da lei bancária japonesa. O estrangeiro, ao se instalar no Japão, imediatamente, nos primeiros dias, deve se dirigir à Prefeitura de sua cidade e solicitar a emissão da carteira de estrangeiro. Nesse documento deverá constar o endereço de residência, e deverá ser mantido sempre atualizado. No Japão, ao mudar de residência, a pessoa tem obrigação legal de atualizar o endereço na Prefeitura ou na nova Prefeitura em que irá residir. Sem esse documento, é impossível abrir conta em algum banco no Japão, tanto nos brasileiros quanto nos japoneses.

Assim, após preencher os formulários de abertura de conta apresentados pelo banco, assinar, e dar o modelo de sua assinatura em outros documentos que possam ser exigidos pelo banco, normalmente, o novo cliente recebe em sua casa uma correspondência registrada, enviada pelo banco. Isso faz parte das exigências legais para comprovação do seu endereço no Japão.

Na abertura da conta, o passaporte brasileiro também pode ser exigido, mas, ainda assim, o banco vai precisar da comprovação de que a pessoa está residindo no Japão. Portanto, de qualquer forma é necessário um comprovante de endereço, mesmo que a pessoa não esteja residindo no país, pois os bancos também podem abrir conta par aquém reside fora do Japão.

Portanto, trata-se de uma providencia importante e necessária. Todo estrangeiro deverá ir, logo nas primeiras semanas, à Prefeitura e se registrar para obter o documento de estrangeiro. E deve mantê-lo atualizado sempre que houver renovação de visto ou mudança de residência. Além disso, é importante carregar e apresentar esse documento em outras situações da vida cotidiana no Japão.

Mesmo os clientes que já tenham conta num banco no Brasil – suponhamos que já sejam clientes do Banco do Brasil -, ao chegar ao Japão, se quiser ser cliente do Banco do Brasil, terão de passar pelos procedimento de abertura de uma conta. Os bancos, entretanto, têm evoluído em seus cadastros, e estão procurando manter um registro único de seus clientes, mas isso ainda não é uma realidade e, portanto, ainda não está totalmente vinculado ao cadastro que ele tem no Brasil. Isto é uma coisa para o futuro.

Mesmo a pedido da justiça brasileira, nunca vi uma execução ser levada adiante em processos conforme o que exige a lei japonesa. Contudo, é importante mencionar: Eu vivia dizendo para os meus clientes no Japão que, mesmo em relação às mais pequenas infrações, as ordens judiciais japonesas podem causar problemas aos clientes naquele país. Tem sido muito comum as autoridades locais procurarem os bancos brasileiros para tentar bloquear os recursos dos clientes, por questões como infrações de trânsito, não pagamento de impostos, atraso de aluguel ou mudança de residência sem o pagamento do aluguel. Basta constatar que esse infrator é brasileiro, essas autoridades vão ao banco brasileiro verificar se o infrator tem conta e se tem dinheiro para reter.

Muitas vezes, fazem sem qualquer ordem judicial, de maneira ostensiva, ameaçando os funcionários para colaborarem. Portanto, o cliente de banco no Japão deve estar preparado para esse tipo de quebra de sigilo, que tem ocorrido com frequência nas agências de bancos brasileiros no Japão. Considero importante este ponto, pois isso realmente tem acontecido.

Enquanto trabalhei no Japão, nós, funcionário do Banco do Brasil, nos preocupamos com essas ocorrências, colocando funcionários bem preparados para atender esse tipo de pedido, seja do departamento de trânsito, da Prefeitura, de outro órgão de arrecadação ou de representantes que viessem ao banco com seu crachá, apresentando-se como autoridade, e pedindo para ver se fulano era cliente do nosso banco. Quando recusávamos, eles diziam que tínhamos que colaborar, aí começava uma discussão meio pesada e, em algumas situações, eles acabavam conseguindo o que queriam.

Oportunidades de investimentos

Voltando ao tema da abertura da conta. Após este primeiro passo, o cliente passa a ter facilidades para depositar e sacar seu dinheiro e aplicar nas diversas modalidades de depósitos com juros, que podem ser em ienes ou em dólar. No Japão, poucos bancos oferecem a opção de aplicação em euros. Esta é uma questão que vem sendo perguntada, se não existe aplicação em euro. Eu respondo, com calma, o seguinte: Antes dessa aplicação, o interessado deve saber sobre a taxa de câmbio, a taxa de juros que irá receber, pois o banco poderá estar aplicando esses euros em operações menos rentáveis e, consequentemente, prejudicar o cliente com taxas menores.

As aplicações em ienes também não são rentáveis, inclusive para nós, brasileiros, que somos acostumados com taxas de juros aqui na casa de mais de 15%, 18% de juros ao ano. Taxas reais. Então, essas aplicações em ienes não são interessantes, exceto se o cliente tiver a certeza de que a taxa de câmbio vai melhorar, e se estiver com ienes no bolso ou no banco para aproveitar a taxa de câmbio num certo dia, numa certa hora futura, aí, sim, vale a pena.

Os bancos aceitam, por telefone, a ordem de câmbio de ienes para dólar, e, às vezes, compensa já ter os ienes depositados, pois assim pode-se aproveitar a oportunidade de efetuar o câmbio no mesmo dia. Como aplicação, não vale a pena manter as economias em ienes, pois o rendimento é bem próximo de zero. E se for aplicação de prazos pequenos, os bancos, às vezes, nem aceitam esses depósitos. As taxas que eles cobram acabam absorvendo toda a rentabilidade do cliente.

Há ocasiões em que se verifica grande montante de depósitos nas contas em ienes. Ocorre que, quando há oportunidade de câmbio, os bancos ficam extremamente demandados para fazer a operação de câmbio para esse cliente com ienes depositados no banco, que tenta aproveitar a taxa de câmbio. No Japão, a taxa do câmbio sai às 10 horas da manhã, quando o mercado dá a taxa do dólar. A partir desse horário, até o meio-dia, praticamente não se consegue falar por telefone com os bancos. E quando o dólar dá uma puxada muito grande, às 11 horas da manhã os decasséguis estão na fila dos bancos para fazer a conversão e aproveitar a taxa de câmbio.

Portanto, o que podemos notar é que, quem tem iene depositado nos bancos brasileiros, tem por um período provisório, esperando uma oportunidade para convertê-lo para dólar. Porque, na realidade, a aplicação a longo prazo, que garante o futuro da pessoa, está vinculado ao dólar no Brasil. São poucos aqueles que têm planos de continuar no Japão, de fazer investimento no Japão, tendo o iene como dinheiro definitivo.

Uma boa dica que tenho dado aos brasileiros residentes no Japão são as atuais facilidades do Internet Banking oferecidas em todos os bancos e as altíssimas taxas de juros praticadas no mercado brasileiro. Portanto, ao se mudar para o Japão, a pessoa deverá manter a conta corrente que já possui no Brasil e, se possível, aplicar uma parte das poupanças obtidas no Japão nos fundos de investimentos de renda fixa oferecidos pelos bancos brasileiros, fazer uma diversificação. Apesar de a taxa de câmbio, o dólar e o real estarem baixos atualmente, o dinheiro transformado em reais e aplicado no fundo de renda fixa, no Brasil, vai dar ao aplicador uma taxa de juros muito superior ao que ele poderá obter com os seus dólares no Japão, compensando um pouco essa perda cambial.

Acredito que vale a pena fazer essa diversificação, ou seja, aplicar uma parte deste dinheiro em reais. É evidente que isso seria aplicável para aqueles que possuem projetos futuros em reais no Brasil. Como os economistas, que têm bola de cristal, apostam que as taxas de câmbio não irão piorar em curto prazo, elas vão continuar muito baixas, e o dólar continuará com as taxas de hoje, podemos dizer que seria uma boa política de diversificação ter um pouco dessas aplicações também em reais.