São Paulo - A turbulência política vivida hoje pelo Japão trouxe ainda mais incertezas sobre a concessão do visto para yonsei. O primeiro-ministro Shinzo Abe, que abraçou a ideia do benefício aos descendentes de quarta geração, dissolveu o Parlamento no último dia 28, convocando eleições antecipadas para 22 de outubro.

“O primeiro-ministro, em um gesto de autoconfiança, apostou todas as fichas na vitória de seu partido, o Liberal Democrata, e de seu maior aliado, o Novo Komeito, que hoje juntos detêm maioria cômoda, 329 das 425 cadeiras”, disse o presidente do CIATE, Masato Ninomiya, durante palestra no aniversário de 25 anos da entidade, comemorado no domingo (8), em São Paulo.

“Porém, se ele perder mais de 50 cadeiras na Dieta, provavelmente terá de renunciar”, explicou Ninomiya (foto abaixo).

 

 

“Agora é esperar o resultado das urnas”, emendou o palestrante frente ao público presente que aguardava ansioso por uma novidade positiva. “Em caso de renúncia, vamos torcer que o novo mandatário tenha a mesma sensibilidade com os yonseis”, disse.

O presidente do CIATE, porém, ressaltou que independente da disputa política, o andamento burocrático do projeto do visto prossegue. Os ministérios responsáveis continuam debruçados no modelo do working holiday, alinhavando os ajustes e adaptações.

O conselheiro do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar do Japão, Yoji Kobayashi, que esteve presente no evento, confirmou que a proposta segue avante na esfera administrativa, onde vem sendo traçada nos pormenores. “Porém, a nova medida depende de um processo político em que a liderança governista, apoiada por deputados, venha a sacramentar e avalizá-la”, ponderou.

Indagado se a concessão do benefício seria concedido a apenas mil yonseis, conforme deixou entrever a Ministra da Justiça, Yoko Kamikawa, o conselheiro adiantou que ele não será tão restritivo, mas também não tão maleável.

Kobayashi pressupõe ainda que a permissão de estadia não seja tão extensa, como a que é concedida, por exemplo, aos sanseis, pois isso contrariaria o objetivo do working holiday que preconiza permanência curta de modo que os estrangeiros regressem ao país de origem para colaborar no aprofundamento das relações bilaterais.

Na visão de Abe, os yonseis atuariam como ponte fundamental no estreitamento desses laços, mediante aplicação das novas experiências linguísticas, culturais e tecnológicas acumuladas no exterior em seu país de origem.

Tanto Ninomiya quanto Kobayashi lembraram que o deputado japonês Mikio Shimoji, embora movido por boa intenção, se precipitou a anunciar a medida sem que houvesse consenso sobre as diretrizes do projeto.

 

Revista Alternativa – Marli Higashi